
XI Congresso Luso Afro Brasileiro de Ciências Sociais
GT 86 - Empreendedorismo social, trabalho associado e economia solidária
Coordenadores:
Alessandra Bandeira Azevedo (UFRB)
Ana Lucia Cortegoso (UFCar)
André Ricardo de Souza (UFSCar)
Cristina Clara Ribeiro Parente (UP – Portugal)
Resumo:
As contradições inerentes à maneira capitalista e liberal de estabelecimento da vida social vêm provocando a busca de alternativas a uma realidade de desigualdade, violência e esgotamento dos recursos naturais. O reconhecimento da inadequação desse modelo leva à busca de outras formas de organização social, baseadas em valores alternativos aos da acumulação e da competição mercantil.
O empreendedorismo social abrange práticas promovidas por entidades sem fins lucrativos, genericamente denominadas organizações não-governamentais (ONGs), próprias do terceiro setor. O empreendedorismo social é um fenômeno bastante amplo e heterogêneo, que ocupa posição intermediária ao Estado, à iniciativa privada e também a um empreendedorismo econômico e solidário.
A economia solidária (designação preponderante no Brasil) e a economia social - termo mais frequente em alguns países de out ros continentes - são expressões que identificam um fenômeno composto por empreendimentos econômicos caracterizados por trabalho associado, com feições autogestionárias. Esse conjunto, que se orienta por princípios como propriedade coletiva dos meios de produção, processos democráticos de participação e distribuição equitativa dos ganhos, vem crescendo bastante nas duas últimas décadas, com diversificação de atores sociais envolvidos, como entidades sindicais, eclesiais, universitárias, públicas e ONGs. Tal contingente abarca iniciativas de finanças solidárias - clubes e feiras de trocas com uso de uma "moeda social", bancos comunitários e cooperativas de crédito - bem como fábricas recuperadas, cooperativas e associações coletivistas.
Há de fato uma espécie de contínuo entre o empreendedorismo social e a economia solidária. Esta por sua vez enfrenta o desafio de se contrapor, tanto ao cooperativismo corporativo tradicional, quanto às coopera tivas decorrentes de processos de terceirização e precarização das relações trabalhistas. A proposta é reunir resultados investigativos de pesquisadores luso-afro-brasileiros sobre diferentes faces e problemas de todo esse universo empírico. O objetivo deste grupo de trabalho é promover a reflexão sobre algumas práticas de intervenção e seus impactos nos segmentos populacionais envolvidos.