
Goiás tem 45 acidentes de trabalho todos os dias
Goiás registra diariamente, em média, 45 acidentes de trabalho. Mais de 3 trabalhadores perdem a vida a cada mês nesta situação, segundo dados da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado. Os números oficiais, alarmantes, são subnotificados, porque não incluem os acidentes de trabalho ocorridos na informalidade nem no serviço público. "Acreditamos que eles não representam nem metade do que ocorre realmente", diz o desembargador Elvecio Moura dos Santos, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 18ª Região.
No Brasil, 7 trabalhadores morrem diariamente em acidentes de trabalho. Foram 723 mil acidentes em 2009, dos quais 2.546 resultaram em morte do trabalhador. O País é o quarto no ranking mundial. A situação, considerada alarmante, levou a Justiça do Trabalho a lançar, em todo o País, o Programa Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, durante as comemorações pelos 70 anos de criação da instituição.
Para o desembargador Helvecio Moura, o grande número de acidentes de trabalho está diretamente ligado à falta de qualificação e capacitação dos trabalhadores. "Quanto menos qualificado, mais inseguro o ambiente em que ele se encontra", relata. Ele conta que aumentou consideravelmente nos últimos dez anos o número de pedidos de indenização por danos moral e material decorrentes de acidentes de trabalho. Hoje, elas chegam a 30% da pauta do TRT.
O desembargador acredita que é preciso que as empresas invistam em educação, treinamento e também na contratação de profissionais de saúde e segurança do trabalho para dar efetivo cumprimento às normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego. Elvecio Moura lembra que há dez anos a construção civil era o ramo em que havia mais acidentes e mortes de trabalhadores. Hoje, ela aparece em terceiro lugar. "A leitura que faço é que esse segmento provavelmente se preocupou efetivamente com a prevenção e fez esse investimento".
Já em relação à indústria da transformação (alimentos, combustíveis), ele questiona se os empresários não estão economizando com a retirada de equipamentos de segurança na compra de maquinário.
PRF flagra 3 motoristas exaustos em 1 semana
Um caminhoneiro de 54 anos foi abordado no início da noite de quarta-feira no posto da BR-153 em Jaraguá, depois de denúncias de que ele vinha praticando direção perigosa. Quando os policiais o atenderam, constataram que ele estava exausto, sem condições de seguir viagem. Ele contou que havia saído de Araguaína (TO) 12 horas antes e que tinha de levar um a carga de carne, avaliada em R$ 250 mil, ao Rio de Janeiro, a uma distância total de 2,5 mil quilômetros.
A viagem fo interrompida e uma equipe da Superintendência Regional de Trabalho e Emprego acionada. O motorista foi encaminhado para o descanso compulsório e o empregador, autuado. O mais grave é que esse foi o terceiro caso semelhante flagrado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em uma semana. Três dias atrás, um caminhão carregado de açúcar tombou na BR-153, em Itumbiara. Quando os policiais foram investigar as circunstâncias, descobriram que o motorista estava dirigindo há 15 horas sem pausa. Na semana passada, em Uruaçu, foram encontrados nove motoristas de caminhão nessas condições. Quatro deles foram interditados porque dirigiam por até 20 horas seguidas.
"A situação é altamente preocupante, principalmente na BR-153, onde praticamente todos os dias morre um caminhoneiro", diz o inspetor Newton Morais, chefe do Núcleo de Comunicação Social da PRF em Goiás. "Por isso o Ministério do Trabalho e a PRF estão fazendo esse trabalho com muita constância, porque a situação é muito preocupante", diz o policial.
Para Fieg, capacitação pode reduzir índices
Para a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), é preciso que as empresas invistam em capacitação para reduzir os índices de acidentes de trabalho no Estado. Ouvido pela reportagem, o assessor do Conselho Temático de Relações de Trabalho da Fieg, Nelson Aníbal Lesme Orué, disse que é preciso que as empresas invistam em profissionais capacitados para a elaboração de planos de prevenção e também para a redução do número de acidentes.
"É um trabalho longo, que passa por vários aspectos", explica Orué. Trata-se também, reconhece, de um processo lento, porque envolve, necessariamente, uma mudança cultural, de postura, não apenas do empregador, mas também do trabalhador, que muitas vezes resiste até mesmo a usar equipamentos de proteção individual, os EPIs. O assessor também observa que o assunto tem relação direta com a qualificação e a escolaridade dos trabalhadores. "Devido ao grande crescimento da indústria nos últimos três anos, acabou acontecendo a contratação de pessoas sem muita qualificação", conta.
Fonte: O Popular