
59% dos engenheiros não trabalham em funções típicas
Estudo do Ipea aponta ainda que profissionais de ciências e engenharias apresentam maior taxa de emprego com carteira assinada
Sete em cada dez profissionais de ciência, tecnologia e engenharias (CTEM) não ocupam postos de trabalhos típicos de suas áreas de formação. Por meio do Censo de 2010, a pesquisa verificou que 59% dos engenheiros, por exemplo, trabalham em setores não típicos, como mercado financeiro e ensino. Entre os formados em ciências, matemáticas e computação, o resultado é ainda mais surpreendente, com apenas 21% ocupando postos comuns à profissão.
Os autores do documento, os técnicos do IPEA Paulo Meyer e Aguinaldo Maciente, destacam que esta realidade “é natural, tendo-se em vista que a formação em carreiras como engenharia, matemática e física permite desempenhar atividades de gestão e tantas outras”. Eles ressaltam, no entanto, “que a tendência parece ser intensificada no Brasil pelo fato de seu mercado formal de trabalho ser pouco intensivo em funções típicas de CTEM”.
O mesmo estudo, publicado na 30ª edição do boletim Radar: tecnologia, produção e comércio exterior, ainda traça um panorama do mercado de trabalho e revela que os profissionais de CTEM apresentam, em geral, a maior taxa de ocupação entre indivíduos de nível superior, além de tenderem a estar empregados com maior frequência em postos formais (com carteira assinada) e aparecerem em proporção maior como empregadores (empreendedores).
Os profissionais da área de CTEM representam cerca de 18% dos trabalhadores com diploma de nível superior no país.
Segundo o Ipea, a atividade de construção é a que concentra maior proporção de profissionais formados em CTEM (59%). Outros setores com grande participação de mão de obra da área são: indústria extrativa (47%), atividade de informação e comunicação (43%), setor de eletricidade e gás (41%), agropecuária (39%), setor de água e esgotos (36%) e a indústria de transformação (30%).
A pesquisa informa ainda que as taxas de ocupação das pessoas com nível superior nestas áreas são maiores que as do restante da população adulta: 97,4% ante a média de 97,1% entre as pessoas com nível superior.
Os profissionais de CTEM acessam, porém, mais os postos de trabalho com carteira assinada: 55% estão nesta condição, contra 48% dos demais profissionais de nível superior. A categoria também é menos sujeita à informalidade: 7% deles são empregados sem carteira assinada, em comparação com os 9% dos demais profissionais de nível superior.
Os engenheiros e demais profissionais da área de CTEM também são mais empregadores que os profissionais de outras áreas (6% contra 5%). Por outro lado, não se sobressaem em atividades por conta própria (16% contra 17%).
"Embora apenas 7% dos postos de trabalho ocupados por pessoas com nível superior no Brasil sejam típicos de funções diretamente relacionadas às áreas de CTEM, os profissionais com diploma universitário nestas áreas conseguem um bom nível de inserção em ocupações típicas de sua formação", avalia o Ipea
Veja o estudo na íntegra:
Fonte: Ipea