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defesa tese

“Eu nasci para ser assistente social”: o trabalho em Serviço Social, profissionalização, identidade e gênero

Dissertação de Mestrado de Débora Bolzan, orientada pelo Prof. Jordão Horta Nunes do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFG.

A dissertação compõe a linha de pesquisa "Trabalho, emprego e sindicatos" e a banca foi composta por Christiane Girard Ferreira Nunes (UnB) e Cleito Pereira dos Santos (UFG).
 
Resumo:

Esta dissertação tem por objetivo analisar sociologicamente as relações de trabalho em serviço social na região metropolitana de Goiânia, desvendando de que forma as/os assistentes sociais são atingidas/os e vivenciam as transformações em curso no mundo do trabalho e suas implicações para a categoria. Têm-se ainda, como objetivos específicos: traçar o perfil socioeconômico da categoria; analisar o processo de construção das identidades sociais dessas/es profissionais; identificar como a apropriação do trabalho emocional e as construções de gênero afetam a profissão. A metodologia tem ênfase qualitativa. A entrevista semi-estruturada com assistentes sociais foi o principal procedimento para a construção de dados qualitativos, com elementos técnicos de entrevistas narrativas. O uso dados quantitativos teve como fonte bases de dados secundários, como CENSO, PNAD e RAIS.

Os resultados apontam um visível processo de precarização das condições de trabalho no serviço social, principalmente com relação ao tipo de vínculo de trabalho (contratos temporários, cargo comissionado, trabalho voluntário), jornadas de trabalho diversas, salários altamente discrepantes, vínculos instáveis e com ausência de direitos sociais (férias, licença maternidade, etc.). Mesmo trabalhadoras/es com vínculo estatutário efetivo são afetados pela dicotomia de contratos, diminuição de concursos públicos e escasso investimento nas condições físicas, materiais e humanas de trabalho.

Os resultados também indicam que o serviço social persiste enquanto nicho feminino, que possui uma desvalorização histórica e social, exposta principalmente em manifestações discriminatórias relacionadas com a escolha profissional do serviço social. As assistentes sociais administram suas relações de gênero na permanência do trabalho doméstico conciliado ao trabalho profissional, configurando uma identidade de gênero. Por fim, a pesquisa expõe que o trabalho emocional é desenvolvido de forma intermitente nessa profissão e que as emoções são administradas em nível de profundidade, contribuindo para que o trabalho emocional se constitua como parte da identidade profissional.

Fonte: NEST