
Defesa de Tese de Neville Júlio Vilasboas dos Santos
A defesa da tese "Desigualdade racial de renda entre empregadores(as) no Brasil" foi realizada às 14h do dia 15 de fevereiro de 2016.
Esta tese toma o grupo dos/as empregadores/as no Brasil como objeto de análise quantitativa, utilizando os dados da PNAD de 2014. As teorias marxistas mais tradicionais atribuiriam aos/as empregadores/as, em razão de sua posição no conflito entre capital e trabalho, uma posição situada nos estratos de remuneração mais alta. No entanto, há desníveis de rendimentos entre brancos/as e negros/as e preponderância destes últimos em setores menos privilegiados da economia, em ocupações com alto índice de informalidade, em empreendimentos que geralmente empregam poucos trabalhadores e cuja estabilidade tende a ser menor. Seguindo o interesse recente das ciências sociais em investigar a dinâmica das desigualdades raciais em estratos sociais mais elevados, esta tese tem por objetivo investigar o “efeito da cor”, consideradas outras variáveis intervenientes, sobre os rendimentos de empregadores/as negros/as comparados aos/as de empregadores/as brancos/as. Após contextualização histórica e teórica da problemática das desigualdades raciais no Brasil e a apresentação do perfil dos/as empregadores/as, é empregada a técnica de regressão logística para analisar as desigualdades raciais na composição do grupo empregador, mostrando que, controladas variáveis influentes, negros/as têm menores chances de fazer parte desse grupo. Em seguida, com base na discussão teórica sobre a relação entre desigualdade racial, classe e rendimento, é efetuada, como tarefa central da tese, a análise das desigualdades de rendimentos entre empregadores/as negros/as e brancos/as. Lançando mão do modelo de decomposição Oaxaca-Blinder, foi possível constatar a desigualdade significativa nos rendimentos médios, enquanto que, com uma extensão do modelo anterior proposta por Juhn, Murphy e Pierce, concluiu-se que a desigualdade de rendimentos entre negros e brancos, para além da média, apresenta um incremento significativo ao longo da distribuição, sendo muito elevada nos estratos mais altos. Descontado o efeito marcante da educação, concluiu-se que o efeito da cor (efeito da discriminação racial) é decisivo e aumenta ao longo da distribuição de rendimentos.
Banca:
Jordão Horta Nunes (FCS/UFG) (Orientador), Márcia Lima (FFLCH/USP), Danielle Cireno Fernandes (FAFICH/UFMG), Cleito Pereira dos Santos (FCS/UFG) e Dijaci David de Oliveira (FCS/UFG).
Fonte: NEST